MARIA IRACEMA TORRES PORPINO
DAÍSA ALVES-
REPÓRTER
Hoje,
uma célebre personagem da história da vida celebra cem anos: a
paraibana-potiguar Maria Iracema Torres Porpino Dantas. Ela é enaltecida
pelos familiares por sua memória privilegiada, que perpassou por tantos ciclos
da sociedade, resguardando suas convicções. Trocou o solo paraibano, pelo
agreste potiguar; a juventude pacata na fazenda, pelo ensino europeizado da
capital; o investimento comercial, pela dedicação à família. Em tudo, considera
escolhas felizes. Mas de algo nunca abriu mão, e já no marco do centenário de
sua trajetória, se destaca o gosto pela política, e constante atenção em
estar atualizada nos acontecimentos. O que lhe rendeu influência nos bastidores
da sociedade, com familiares políticos e jornalistas.
Até o início de 2012, Iracema morava com sua
filha Tereza, a mais nova de quatro filhos, em Nova Cruz, município do RN. Após
complicações na saúde, e uma internação de quatro meses, dona Iracema está em
tratamento de homecare na casa de seu filho Sérgio, em Natal. Apesar de
preferir o seu saudoso agreste potiguar, na capital ela fica mais próxima
de sua família, composta por quatro filhos, seis netos e quatro bisnetos.
Constituída
ao longo do século, sua descendência se originou do seu primeiro e único
casamento, que, para a época, foi relativamente tardio. Aristides Porpino
conquistou os sentimentos de dona Iracema numa das sextas-feiras em que
vistava a feira de São José de Campestre, município próximo a Nova Cruz. Após
conversas e um curto tempo de namoro, se casaram. Iracema tinha 29 anos.
Depois do casório, ela chegou a abrir um armazém
em Nova Cruz, mas abandonou o comércio depois da aposentadoria de seu marido.
Retornando, então, às atividades domésticas e ao cuidado com as crianças da
casa, prática de sua solteirice, quando colaborava nesses afazeres na casa de
seus pais. Tidinho morreu em 1990, quando os cuidados tomaram o rumo inverso;
dos filhos para Iracema.
Cuidado com as crianças, afazeres de casa,
contabilidade doméstica, foram quesitos estudados por Iracema na Escola
Doméstica, em Natal, dos seus 15 aos 18 anos, matriculada junto com a sua irmã
mais velha Joanita. Sua irmã mais nova, Terezinha, nasceu 17 anos depois e
estudou na Escola das Neves. Iracema era reconhecida na instituição escolar
pela sua personalidade extrovertida, como lembra Wenceslina Salustino, uma de
suas colegas. O grupo de meninas constitui suas melhores lembranças da
juventude, das quais recorda, além de Wenceslina, de Luizinha de Manoel Varela,
Maria Vale, Aniole e Alice.
Ela foi levada à Escola Doméstica numa viagem de
caminhão. Até então, Iracema estava habituada somente aos ares bucólicos. Ela
morava com seus pais Tôto Jacinto e Maria Torres, na Fazenda Umbuzeira, região
rural de Nova Cruz, desde os 13 anos de idade. A compra da fazenda foi o
motivador para a mudança da família, que provinha da Paraíba, onde nasceu
Iracema, numa região de clima ameno, sob a égide de Santa Cecília, na cidade de
Araruna, no dia 22 de novembro de 1913.
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FONTE –
TRIBUNA DO NORTE